Ministro da Saúde do Brasil se Opõe à Legalização dos Cigarros Eletrônicos
O Ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, posicionou-se firmemente contra a legalização dos cigarros eletrônicos e dispositivos eletrônicos para fumar similares. Falando no lançamento da campanha do Dia Mundial Sem Tabaco em Brasília, em 28 de maio, Padilha enfatizou seu apoio à manutenção da proibição existente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (RDC 46/2009, reforçada pela RDC 855/2024) sobre a comercialização, importação e publicidade desses produtos.
Padilha declarou que não foi procurado pela indústria tabagista ou outros setores governamentais para discutir o assunto, mas afirmou: “O Brasil tem um nível de uso desses dispositivos que é de 5 a 7 vezes menor do que em outros países que legalizaram sua comercialização. Isso mostra o acerto da decisão da Anvisa.”
Roberto Gil, Diretor-Geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), apoiou a posição do ministério, observando que embora tenha havido um aumento no tabagismo geral no ano passado, foi impulsionado pelos cigarros convencionais. “O desafio hoje é proteger as novas gerações dos cigarros eletrônicos, estratégia da indústria para criar novos dependentes”, destacou Gil.
O Ministério da Saúde também relatou um aumento significativo nas terapias cognitivo-comportamentais oferecidas pelo sistema público de saúde (SUS) entre 2022 e 2024, com os atendimentos saltando 96,4% de 42.300 para 83.000. As atividades coletivas de saúde e visitas domiciliares também registraram aumentos substanciais.
Coincidindo com essas declarações, foi divulgado um estudo do Inca intitulado “A Conta que a Indústria do Tabaco Não Faz”. Revelou que para cada R$ 1 de lucro obtido pela indústria tabagista, o governo federal gasta R$ 5 no tratamento de doenças relacionadas ao tabagismo. Em 2019, cada R$ 0,156 milhão em lucro das vendas legais de cigarros equivaleu a uma morte por doenças relacionadas. O estudo concluiu que para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco, o Brasil incorre em R$ 2,3 em custos diretos de tratamento e R$ 5,1 em custos totais (diretos e indiretos). O epidemiologista do Inca, André Szklo, enfatizou a importância de mensurar esses custos sociais para buscar responsabilização e ressarcimento da indústria, que, segundo ele, usa os lucros para encorajar a iniciação do tabagismo entre jovens.