Brasil Registra Aumento nas Apreensões de Cigarros Eletrônicos Apesar da Proibição
O Brasil testemunhou um aumento significativo na apreensão de cigarros eletrônicos, comumente conhecidos como “vapes” ou “pods”, em 2024, apesar da proibição de longa data pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. O estado de São Paulo, em particular, registrou um aumento de sete vezes nos dispositivos confiscados em comparação com o ano anterior, destacando a crescente popularidade do produto mesmo diante de regulamentações rigorosas.
Vendas Clandestinas e Esforços de Fiscalização
Embora a comercialização e o consumo de dispositivos de vaporização permaneçam ilegais no Brasil, os produtos são facilmente acessíveis através de vários canais clandestinos. Uma simples busca online revela numerosos anúncios de vapes, que são frequentemente vendidos disfarçados como outros itens através de aplicativos de entrega.
Em resposta à crescente popularidade e contrabando de cigarros eletrônicos, a Receita Federal intensificou os esforços de fiscalização nas fronteiras e portos do país. Vários estados registraram crescimento significativo nas apreensões:
- Paraná: Mais de 1,1 milhão de unidades apreendidas, dobrando os números do ano anterior
- São Paulo: Aproximadamente 937.000 unidades confiscadas, avaliadas em cerca de R$ 105 milhões
- Outros estados, incluindo Acre, Rio Grande do Sul, Pará e Paraíba, também relataram aumentos substanciais nas apreensões
Ligações com o Crime Organizado e Preocupações com a Saúde
Os dispositivos de vaping entram no Brasil pelas mesmas rotas exploradas pelos traficantes de drogas, frequentemente cruzando fronteiras e entrando por portos como o de Santos em São Paulo. Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade, alerta que organizações criminosas estão cada vez mais vendo o mercado clandestino de vapes como uma oportunidade lucrativa.
“Esses produtos ilegais financiam o crime organizado, que já atua fortemente no contrabando de outros bens”, explica Vismona, ressaltando as implicações mais amplas do comércio ilegal de cigarros eletrônicos.
Comerciantes flagrados vendendo cigarros eletrônicos enfrentam penalidades severas, incluindo multas, apreensão de produtos e até mesmo a perda do número de registro empresarial (CNPJ), segundo Marcelo Pagotti, diretor de fiscalização do Procon-SP.
Além do impacto econômico, especialistas levantam preocupações sobre os riscos à saúde associados aos cigarros eletrônicos não regulamentados. Em países onde as vendas de vapes são legais e regulamentadas, há maior controle sobre a qualidade e segurança dos produtos. No entanto, no Brasil, onde 100% dos dispositivos são ilegais, não há supervisão sanitária, potencialmente expondo os consumidores a perigos desconhecidos.
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A Necessidade de Debate e Regulamentação
Somente em janeiro de 2024, as apreensões de cigarros eletrônicos no Brasil totalizaram R$ 4,5 milhões, ressaltando o rápido crescimento no consumo e a necessidade urgente de um diálogo nacional sobre a regulamentação desses produtos.
Enquanto o país enfrenta os desafios impostos pelo mercado ilegal de cigarros eletrônicos, formuladores de políticas, especialistas em saúde e agências de aplicação da lei devem trabalhar juntos para encontrar soluções eficazes que priorizem a saúde pública e a segurança, ao mesmo tempo em que abordam as questões complexas de contrabando e crime organizado.